Marcha soldado,
cabeça de papel,
se não marchar direito
vai preso pro quartel...
É isso mesmo boa parte do conteúdo de nossa
sociedade: uma enorme massa de soldados do sistema, cujas mentes são como
amareladas folhas de papel, repletas de rabiscos com normas, regras, crenças,
condicionamentos, imposições, deveres e nenhuma inteligência criativa capaz de
formular questionamentos essenciais que apontem para o que nos é de direito. Uma
imensa massa que, desde a infância, pela excessiva exposição ao medo, foi
sistematicamente coagida à submissão, ao ajustamento e, por causa da ação do
medo, essa massa permanece presa dentro das enormes paredes do quartel general
do não-ser. O medo roubou a capacidade da questionadora rebeldia inteligente, em
resultado, a contra gosto, a grande massa se viu forçada ao debilitante
ajustamento servil. O pior de tudo, é que todos os dias, logo pela manhã, essa
massa continua marchando de cabeça baixa, trazendo nos ouvidos seus aparelhos
sonoros numa tentativa de abafamento da cutucante fala de sua consciência; essa
fala que lança um imperioso convite para uma tempestuosa revolução interna, pra
lá de emergencial, no entanto esta, é indevidamente negligenciada pela grande
maioria. Essa revolução pessoal interna é um chamado para o despertar da
inteligência, um convite para ser no coração e não numa cabeça repleta de
amarelados e estagnantes papéis sempre rabiscados por terceiros desconhecidos. É
um chamado para uma revolução pessoal que não mede esforços e que não teme nem
mesmo o risco de se ver momentaneamente preso num canto escuro de um quartel. Os
que aceitam esse chamado, os que não cerram seus ouvidos para os cutucões da
consciência, sabem que a sociedade sempre teve a tendência de fazer isso com
todo homem e mulher que ousa fazer uso de sua faculdade de percepção do falso e
do real e que, através dessa percepção, lançam fora de suas mentes, todos os
papéis impostos por terceiros. O grande paradoxo é que, anos mais tarde, muitos
dos nomes desses homens e mulheres, condenados em suas épocas ao ostracismo,
muito de suas vidas, pensamentos e ações, tornam-se para sempre perpetuados nas
raras esclarecedoras folhas de papel.
Talvez, você ainda não tenha despertado para o
seu direito de escolha: você pode sim, ousar pelo compartilhar de suas idéias,
de suas percepções, ou então, pode continuar com sua triste e enfadonha marcha,
de forma "direita", preso dentro do bem disfarçado e intrincado quartel social
do não-ser. Sim, você pode fazer frente aos seus medos e em vista disso, exercer
o sagrado direito de também poder virar à esquerda e dizer bem alto: Não! Por
ai, não vou!
Nelson
Jonas
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